Histórico - Distritos do Leste de Campinas
Sousas e Joaquim Egídio
Sousas e Joaquim Egídio, se originaram no século XIX e ainda hoje se caracterizam pelas tradições, por edificações urbanas e rurais do período cafeeiro e pelas paisagens naturais integradas à Área de Proteção Ambiental (APA) da cidade. Estes bairros se formaram no período cafeeiro impulsionados pelo complexo do café e pela passagem dos trilhos da Companhia Férrea Campineira, reunindo, em seu interior, várias chácaras, estábulos e unidades de abastecimento necessários à cidade em crescimento.
Localizados na região Nordeste de Campinas, são os distritos mais afastados do centro urbano, distando 10 e 15km, respectivamente, do centro campineiro.
Os referidos distritos compõem-se de uma população de mais de 22.000 hab. Sendo 17.000 em Sousas e 5.000 em Joaquim Egídio, sendo este último habitado por 40% da população na área urbana e, os outros 60% , na área rural. Os núcleos encontram-se densamente urbanizados especialmente às margens do Rio Atibaia e do Ribeirão das Cabras. A produção agropecuária é a atividade econômica principal, sendo que os cultivos de café e culturas de subsistência, a criação de gado e a piscicultura são largamente desenvolvidos. Turismo e boa gastronomia também são uma importante fonte de renda.
Em Joaquim Egídio está localizado o Observatório Municipal de Campinas Jean Nicolini. Inaugurado em 1977, foi o primeiro Observatório Municipal do País.
Estão situados onde, desde 1993, com o Decreto Municipal de número 11.172, tem-se a Área de Proteção Ambiental (APA) de Sousas e Joaquim Egídio. Abrangendo uma área total de 223 km² e representando aproximadamente 28% da área dos municípios de Campinas. Essa região possui 48% dos remanescentes vegetais do município de Campinas, onde podemos encontrar espécies importantes da flora e fauna brasileira. Os mais importantes mananciais hídricos responsáveis pelo abastecimento do município encontram-se nesses distritos com os rios Jaguari e o Atibaia, este último responsável por 80% do fornecimento da água que abasteçe a cidade de Campinas. A paisagem natural compreende remanescentes da Mata Atlântica.
SURGIMENTO
Os primeiros sinais de ocupação são encontrados na construção de uma ponte sobre o Rio Atibaia por volta do ano de 1830, quando sextanistas se estabeleceram atraídos pela fartura de pesca e caça e encantados com a paisagem natural. Uma das primeiras construções datadas é a casa da antiga chácara Castália, que mantinha uma placa da construção de 1842, em Joaquim Egídio. Ainda anterior a isso temos o registro da Fazenda das Cabras, de Paulo Machado Florense, em 1820, surgida da divisão da Sesmaria do Sertão.
Atribui-se a fundação da localidade de Joaquim ao Major Luciano Teixeira Nogueira. Antes ser chamado Joaquim Egídio teve duas outras denominações: Laranjal e São Luciano, em homenagem ao Major. Em 1885 a antiga fazenda Laranjal passou a ser propriedade de Joaquim Egídio de Souza Aranha, o Marques de Três Rios, dando nome à área.
Oficialmente, somente em 18 de fevereiro de 1959, pode-se encontrar a Lei nº. 5285 que cria o Distrito de Joaquim Egídio e o incorpora ao Município de Campinas.
Para região de Sousas por sua vez, temos antes de ser conhecido por tal, registro de outros nomes como Ponte do Arraial (em referência àquela primeira ponte de 1830), Ponte Alta e também Arraial dos Sousas, em referência a própria família Sousa, dona de várias sesmarias na zona no final do século XIX. Marco do estabelecimento do Arraial é a construção da capela consagrada a São Sebastião em 1883, ainda hoje preservada na praça em frente à Subprefeitura. Em 24 de julho de 1896 Sousas passa de Arraial a Distrito de Paz.
DESENVOLVIMENTO
As primeiras vias de acesso e de circulação existentes nos núcleos de Sousas e de Joaquim Egídio, no início de seu povoamento, constituíam-se de “caminhos” que eram utilizados como ligação com as fazendas ou engenhos e, depois, com o centro de Campinas. Estas vias de acesso surgem, basicamente, em decorrência dos ciclos econômicos, pela necessidade de escoamento da produção agrícola açucareira e, depois cafeeira, para os grandes centros.O relevo acidentado e a vocação rural fizeram com que a ocupação do solo e a expansão urbana fossem mais difíceis e lentas. Isso fez com que a cultura local fosse diferencia em relação ao restante do Município de Campinas, mantendo uma população de descendentes de italianos, de escravos das antigas fazendas de café, bem como migrantes mineiros e paranaenses. Pode-se dizer que ainda há vários “caminhos do açúcar” e remanescem como ruas ou estradas.
Mesmo após a mudança da base produtora de cana-de-açúcar para o café, e adaptações e reformas que sucederão o fim da mão de obra escrava, manteve-se na região um crescimento constante da produção agrícola. Com isso tornou-se preemente a necessidade de um meio de escoamento mais eficiente dessa produção, que até então era feita por tração animal. O desenvolvimento dos dois arraiais se deve muito então à instalação da Companhia Ramal Férreo Campineiro (C.R.F.C.) em 1889.
O iniciativa da construção da linha que ligava as fazendas das Cabras e do Dr. Lacerda à estação ferroviária de Campinas, veio dos próprios donos das fazendas, o Sr. Florense e o Dr. Inácio de Queirós Lacerda. Um contrato foi assinado, em 9 de outubro de 1890, para dar início às obras, e foi o engenheiro maranhense, Dr. Carlos William Stevenson, designado como responsável pelo projeto. Quatro anos mais tarde se deu a viagem inaugural, em 20 de Setembro de 1894 em trem que viajava à velozes 23km/h.
Carinhosamente apelidado pelos usuário de "Cabrita", devido aos trancos e balanços nos vagões e em referência ao ponto final da linha, a Fazenda das Cabras, a linha de trem era utilizada para transporte de carga e também de pessoas. Funcionou até 1911, quando o Ramal Férreo Campineiro foi arrematado pela Companhia Campineira de Tracção, Luz e Força, substituindo o trem por um bonde rural.
O "bondão", apelido dado a ele por ser bem maior que os bondes abertos que atendiam na área urbana, se manteve em atividade até a década de 1950. Em 1952 a Sorocabana passou a administrar a linha, extinguindo o transporte de cargas e mercadorias. Depois disso, o trajeto foi incorporado à rede urbana de bondes, permanescendo ativo até 1960, quando o bonde para Sousas, Joaquim Egídio e Cabras deixava então, definitivamente, o cenário campineiro.
A ponte metálica, que foi instalada em 1915, pela C.C.T.L.F., para suportar o peso dos bondes, foi parcialmente destruída pelos revolucionários paulistas, durante a Revolução Constitucionalista, para dificultar o acesso das tropas federais à cidade, isolando os distritos da cidade de Campinas entre os anos de 1932 e 34. Hoje a ponte é tombada pelopelo CONDEPACC (Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Campinas).
Também tombado pelo CONDEPACC, parte do antigo leito da ferrovia, desde Sousas até Joaquim Egídio, com cerca de 4 km de extensão, margeando o Ribeirão das Cabras, e que até hoje é chamado de "estrada do bonde", mantém-se quase no seu estado original, mas sem os trilhos e os postes, e é um local muito utilizado por grupos de pessoas adeptas das caminhadas. Em Joaquim Egídio pode-se ainda andar pelo antigo leito do ramal de Dr. Lacerda, hoje uma estrada de terra servindo chácaras e sítios da região, bem como acesso a uma usina de energia da C.P.F.L.
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Fontes:
http://pro-memoria-de-campinas-sp.blogspot.com.br
http://2009.campinas.sp.gov.br/cultura/patrimonio/bens_tombados
http://www.estacoesferroviarias.com.br/c/cavalcanti.htm
http://www.centrodememoria.unicamp.br/sarao/revista15/serie/PDF/sarao_se_artigo02.pdf